Pensando na Semana Nacional de Ciência e Tecnologia de 2016, cujo o tema era “Ciência alimentando o Brasil”, que ocorreu em Outubro, as professoras Adriana Lucena (Química) e Darlene Minervino (Metodologia da Pesquisa Científica), do Instituto Federal do Amapá, desenvolveram, juntamente com os alunos do 3° ano A do curso técnico em Redes de Computadores (integrado) um projeto para conscientizar as pessoas quanto ao quão importante é o tema e paralelamente, instigar nos alunos habilidades quanto ao desenvolvimento de pesquisas científicas, como a construção de relatórios de projetos, por exemplo, assim como o aprendizado dos conceitos Química presentes ao longo de todo o tema alimentos.
A turma foi divida em dois grupos, o primeiro ficou responsável por apresentar o problema de desperdício de alimentos no mundo, e o segundo deveria demonstrar formas para diminuir tal desperdício, ou seja, deveria apresentar soluções para o problema proposto.
Abaixo tem-se todo o desenvolvimento alcançado pelo segundo grupo, bem como um vídeo explicativo de como ocorreu toda a montagem da estrutura para que o projeto pudesse ser apresentado na Semana Nacional de Ciência e Tecnologia no IFAP.
COMBATE AO DESPERDÍCIO DE ALIMENTOS
ESTATISTÍCAS QUANTO AO DESPERDÍCIO DE ALIMENTOS
Segundo dados da Organização mundial das nações unidas (ONU), a cada ano perde-se 1,3 bilhão de toneladas de alimentos, sendo que de 30% a 50% desses alimentos são desperdiçados antes do consumo. Com isso, aproximadamente 550 bilhões de m3 de água são desperdiçados na produção de alimentos que não são consumidos.
Além disso, o Brasil está entre as 10 nações que mais desperdiçam alimentos no mundo. Tal desperdício começa na plantação e se estende até chegar ao consumidor, pois, de acordo com dados da FAO de 2004, 35% da produção agrícola do país não são aproveitados. Desses 35%, 10% do desperdício ocorrem na colheita, 50% no manuseio e transporte, 30% nas centrais de abastecimento e 10% em supermercados e consumidores.
Estudos apontam que com o fim do desperdício é possível aumentar de 60% a 100% o fornecimento de alimentos.
CURIOSIDADES QUANTO AO DESPERDICÍO DE ALIMENTOS
Com o grande desperdício de alimentos, se faz necessária a adoção de medidas que permitam mudar o preconceito da sociedade quanto às sobras e popularizar a ideia de que resíduos aparentemente inúteis possam ser reaproveitados de diversas maneiras. Esses alimentos podem ser reaproveitados de três modos: na casa, na comida ou como produto de beleza.
Casa: Frutas cítricas como limão e a casca da laranja podem ser usados em aparelhos repelentes de insetos substituindo o tablete convencional. O limão também pode substituir produtos considerados tóxicos e ajudar na remoção de gorduras e manchas.
Comida: Podem-se fazer muitas coisas com cascas como: Batata frita, misturando cascas de batata com bastante suco de limão e azeite depois as espalhando em camadas em uma assadeira; Sopa, fervendo cascas de batata, cebola, cenoura e adicionando alho poró e de outros vegetais a gosto; Manter o açúcar mascavo úmido e maleável adicionando casca de limão.
Há também formas de reaproveitamento de alguns tipos de sobras limpas como: carne moída, arroz, feijão, macarrão, pão, leite talhado, biscoitos, entre outros.
Produtos de beleza: O açúcar pode ser usado na esfoliação do rosto para remover as células mortas da pele e adicionado à casca banana pode ajudar na esfoliação do corpo. As cascas de batata podem ajudar a reduzir o inchaço ao redor dos olhos e também ajudar no alívio dos sintomas da acne e a casca do abacate pode ser um eficaz hidratante facial.
FORMAS DE CONSERVAÇÃO DE ALIMENTOS
A busca por conservar alimentos é apresentada de maneira constante ao longo da história humana, devido a importância da alimentação para a perpetuação dessa espécie, assim, muitas técnicas foram desenvolvidas para tal fim. Entre as mais antigas formas de conservação de alimentos está a defumação, processo segundo o qual os alimentos são expostos a altas temperaturas, para que percam humidade, ficando desidratados e criando assim uma barreira física e química contra a ação de microrganismos. Outra maneira antiga de conservação por meio da desidratação é realizada através da adição de sal ao alimento. No brasil, a chamada Carne de Sol é um exemplo de alimento popular derivado dessa forma de conservação. A fermentação, muito utilizada em pães e vinhos, juntamente com a utilização de açúcar para fazer-se compotas de frutas, são outros exemplos de antigas técnicas de conservação de alimentos.
Atualmente, devido principalmente ao avanço cientifico nesse campo de estudos, muitas técnicas de conservação de alimentos foram desenvolvidas.
Conservação por utilização de elevadas temperaturas
O calor destrói os microrganismos através da desnaturação das suas proteínas e, sobretudo, por inativação das enzimas que lhe possibilitam a atividade metabólica. A intensidade do tratamento térmico depende dos microrganismos a eliminar, do seu estado fisiológico e das condições do meio. Assim, diferentes processos que utilizam o calor como base fundamental foram desenvolvidos, porem com objetivos e aplicações para diferentes alimentos. Estão entre eles:
Esterilização, tratamento térmico no qual a temperatura é maior ou igual a 100 °C, sendo seu objetivo a morte de todos os microrganismos; Pasteurização, realizada em duas fases, sendo a primeira a exposição do alimento a elevadas temperaturas e a segunda sua exposição a baixas temperaturas, isto é sua premissa é causar um choque térmico que leve todos os microrganismos a morte; branqueamento, tratamento térmico que tem por finalidade inativar as enzimas do próprio alimento, podendo ser feito em água, em vapor ou em calor seco. O branqueamento é uma medida feita às vezes, anterior ao congelamento, porque embora o congelamento seja eficiente ele não inativa totalmente as enzimas.
Conservação por utilização de baixas temperaturas
A aplicação de temperaturas baixa aos alimentos tem por objetivos a diminuição da reatividade química e da atividade enzimática e ainda a inibição da multiplicação e da atividade dos microrganismos. Quanto mais baixa for a temperatura empregue, mais lentas serão as reações químicas, atividade enzimática e o crescimento microbiano.
Em geral, o congelamento impede a multiplicação da maioria dos microrganismos contaminantes dos alimentos, enquanto que as temperaturas de refrigeração apenas diminuem a sua velocidade de multiplicação.
Importância das embalagens na conservação de alimentos e de seu transporte
Outro ponto nas formas modernas de conservação de alimentos são as embalagens. Segundo Nilda Soares, engenheira de alimentos e professora da UFV, as embalagens, de uma forma geral, existem para impedir que o alimento processado seja contaminado ou esteja sob a presença de oxigênio.
O tempo de vida de prateleira é calculado para cada produto e para cada embalagem, embalagens de vidro transparentes, por exemplo, permitem a entrada de luz, diferentemente de embalagens de papel, que possuem como principal característica impedir a entrada de luz, sendo assim, adequadas para produtos que descolorem e têm seus sabores modificados sob a presença de luz.
Outro grande fator é o oxigênio, em especial em produtos com alto teor de gordura, pois os mesmos mudam seus gostos sob a presença de oxigênio. Por esses motivos, ao determinar uma embalagem para um produto é necessário considerar todos os seus aspectos físicos e químicos.
Segundo o Luiz Eduardo Carvalho, professor do departamento de produtos naturais e alimentos naturais da UFJR, a ciência intervém no alimento para prorrogar a sua validade, porém, seu grande trunfo é o consumo do alimento fresco, assim, o desenvolvimento não se limita em atuar nos alimentos, mas sim, em todos os processos responsáveis por leva-lo de onde é produzido ao consumidor, ou seja o transporte dos alimentos, a forma e a velocidade de como isso é feito também interferem em sua qualidade final.
Conservação por Adição de conservantes Químicos
Os conservantes têm atividade de eliminar as composições microbiana e enzimática, existe diversos fatores que influenciam a eficácia dos conservantes, químicos, tais como: a concentração, o tipo e quantidade de microrganismos contaminantes; a temperatura entre outros.
Para um conservante ser ideal deveria obter: não ser tóxico, não ser intimado pelo alimento ou substância nele existente, atividade antimicrobiana de aspecto longo; porém esse composto “ideal” não foi descoberto ainda.
O ácido cítrico é um exemplo composto utilizado, nos xaropes, nas bebidas, nas gelatinas, como conservante dos sabores e frutas.
Misturas e soluções de nitritos e nitratos de sódio tem sido, empregadas na conservação de alimentos à de carne.
O peróxido de hidrogênio (água oxigenada) é empregue como conservante do leite para a fabricação do queijo.
Conservação por Irradiação
Essa é nova no campo da conservação que utiliza diversas radiações de frequência que vão desde a corrente elétrica até os raios de Gama que em especial se volta para radiações ionizantes e o aquecimento através de micro-ondas.
Tem vários tipos de radiação, entre tanto a principal e mais eficaz é a de radiação ultravioleta, com comprimento de onda de 260 nm. A radiação ultravioleta de mais elevada energia (200nm) é absorvida pelo oxigênio originado a formação de ozônio.
Os alimentos mais comumente irradiados são batata, cebola, frutas frescas ou secas, carne de vaca, carne de porco, peixe fresco, carne de frango, dieta hospitalar, frutos do mar e até ração militar. Todos os alimentos conservados com irradiação devem exibir um selo em sua embalagem, neste selo tem o símbolo internacional de irradiação de alimentos, chamado de radura.
O QUE PODE-SE FAZER PARA DIMINUIR O DESPERDÍCIO?
Simples ações cotidianas podem diminuir drasticamente o desperdício de alimentos, por exemplo, deve-se planejar as compras. Verificar quais os produtos são realmente necessários de comprar. Na hora de cozinhar, deve-se dar preferência aos produtos que estão próximos do vencimento da validade. Anotar quais produtos estão próximos da data e fixar na geladeira para não esquecer. Literalmente, deve-se aproveitar os alimentos ate o talo alimentos até o talo. É possível reaproveitar partes não convencionais, como as sobras e cascas das frutas, essas partes contêm valor nutritivo significativo, além de serem mais uma opção para variar os cardápios diários, com refeições nutritivas e de baixo custo.
Se uma fruta ou legume apresentar uma aparência feia em algumas partes, corte-as e use o que sobrou, sem a necessidade de jogar tudo fora. Usar o que sobrou das refeições para fazer novos pratos. Quando comer fora, não deve-se ter vergonha de pedir para levar as sobras. É correto usar restos de comida e partes dos vegetais que realmente não serão utilizados para adubar a sua horta.
A TECNOLOGIA A FAVOR DO COMBATE DA FOME
Esta seção está baseada na reportagem da revista SUPERINTERESSANTE.Edição333. A ciência contra a fome. Maio de 2014.
Como Tomas Robert Malthus (1766-1834) já previa em sua teoria publicada em “Ensaio sobre o princípio de população e seus efeitos sobre o aperfeiçoamento futuro da sociedade, com observações sobre as especulações de Mr. Godwin, Mr. Condorcet e outros autores”, o crescimento populacional aumentou de forma de forma alarmante e a produção de alimentos não é o suficiente para suprir a fome de toda população mundial.
Para solucionar um dos problemas que mais atormentam as gerações futuras, foi desenvolvido por cientistas, um sistema de verticalização de jardins, proposta que ocuparia menos espaço e concentraria as melhores plantações por meio da seleção genética.
A verticalização consiste na construção de mini-estufas e prédios hortas, estruturas eficientes que ocupariam menos espaço necessário para a produção de diversas verduras, hortaliças entre outros. Os ambientes poderão ser controlados garantindo um melhor aproveitamento da colheita e cultura produzida. O prédio também poderá ter animais. Muitas pesquisas indicam que o gado e as aves se desenvolvem melhor quando suas “condições de vida” são mais confortáveis.
“Com o clima e manejo perfeitos, é possível triplicar a produtividade de rúcula, quadruplicar a de pimentão. Com tomates, a performance vai de 9 kg/m² para 80 kg/m², 800% de aumento. Uma verdadeira “fábrica” de hortifrútis. (SUPERINTERESSANTE. EDIÇÃO 2014)
Entre soluções alternativas estão a hidroponia e aeroponia, que consiste na “plantação” de um vegetal em solução de água e sais minerais, ambos em lugar fechado, entretanto o que os diferencia é o estado da solução, sendo que a aeropnia é em forma de vapor.
“A absorção de nutrientes é facilitada, as plantas crescem 50% mais rápido e costumam ter o dobro de volume – 4 m² podem render 30 pés de alface por mês. No Japão, a técnica já é utilizada para produzir vegetais até no subsolo de restaurantes. No futuro, se cada condomínio tivesse uma horta hidropônica, além de legumes e verduras fresquinhos, reduziríamos o trânsito, a poluição e abriríamos “espaço” para outras culturas no campo”..
Genética no combate a fome
Junto com o surgimento de edifícios-fazenda e seleção genética torna-se uma aliada eficiente, possibilitando que com exemplares dos melhores genes, sem qualquer hormônio, seja permitido que animais gerem mais carne com menos ração. Um exemplo citado pelo reportagem diz que em 1970, para engordar 1 kg, um suíno precisava comer 4 kg; hoje, precisa comer 2 kg; até 2030, será apenas 1,6 kg. Tudo isso resultante da seleção dos melhores genes.
“Na agricultura, especialistas calculam que a genética contribuiu com 2/3 do aumento de produtividade que as lavouras tiveram nos últimos 50 anos, a chamada Revolução Verde. (O resto se deve à evolução do manejo e dos melhores defensivos.) Até 2050, ela deve permitir mais 1/3 de produtividade, e até quadruplicar culturas cruciais como trigo ou cana. ”
Outra grande aliada é o estudo da nutrigenômica, responsável por estudar o impacto de nutrientes na expressão genética, ou seja, os efeitos positivos que os alimentos proporcionam no ser humano por conterem substâncias biologicamente ativas.
A próxima aposta é a nanotecnologia, que poderia ser uma alternativa aos transgênicos. Em vez de inserir um gene exótico na planta, a técnica permitiria “colar” nanopartículas no DNA sem alterá-lo. Isso possibilitará enriquecer os alimentos com vitaminas e outros nutrientes. Além disso, reduziria o uso de defensivos agrícolas – com um combate muito mais eficiente a doenças e pragas. Essas intervenções em nível atômico trariam benefícios na produtividade em geral, na minimização de perdas e na redução do impacto ambiental.
“Cultivo controlado urbano. Novas técnicas de produção. Modificação em laboratório. Insetos e algas no cardápio. São avanços que podem resolver o problema de alimentação do mundo, mas que também podem trazer consequências inesperadas. A Revolução Verde deixou um legado de danos ambientais, exagero no uso dos agrotóxicos e modelos de produção que estão se esgotando. Da mesma forma, esta nova revolução também pode trazer obstáculos inesperados. Mas, com ou sem edifícios-horta, uma solução é necessária. Ou vai faltar comida no prato.”
A inclusão de insetos no cardápio para acabar com a fome
A Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) acredita que a solução para acabar com a fome do mundo para o futuro está no consumo de insetos.A expansão das terras para a agricultura e criação de animais não vai acompanhar o crescimento populacional, que é estimado em 9 bilhões para 2010. A solução estaria nas fazendas de criação de insetos, por possuírem diversos fatores favoráveis como menores gastos, maior facilidade em estrutura e menos poluentes.
Os insetos também se reproduzem em uma velocidade maior e emitem menos gás carbônico (principal causador do efeito estufa). Também não necessitam de tanta atenção zootécnica. Outro impacto social seria o aumento de renda familiar de comunidades carentes, uma aposta da FAO, já que eles poderiam cultiva-los e vende-los.
Os insetos formam o maior grupo animal da face da Terra ,estima-se que haja um milhão de espécies vivas conhecidas de um total de 30 milhões ainda não catalogados. Atualmente são conhecidas, aproximadamente, 1.900 espécies comestíveis de insetos, presentes em grandes escalas em regiões da Ásia e de ambiente tropical.
“Entre os comestíveis, o maior grupo é o de coleópteros (besouros), com mais de 400 espécies, seguido por himenópteros (principalmente formigas), em torno de 300 espécies, ortópteros (gafanhotos e grilos) e lepidópteros (lagartas de borboletas e mariposas), cada grupo com mais de 200 espécies registradas, além de cupins, cigarrinhas e moscas, dentre outros. Dados fornecidos pela FAO”
Há ainda a relação entre os artrópodes e a produção de carne e ração. Segundo estudos feitos por um grupo de pesquisadores brasileiros observado que os insetos têm mais carne a ser aproveitada e podem converter 2 kg de ração em 1 kg quilo de massa. Enquanto no gado, são necessários 8 kg de ração para produzir 1 kg de carne.
Os benefícios e as vitaminas
“Comer insetos não faz mal à saúde dos humanos –nós já utilizamos remédios feitos de insetos, por exemplo. Esses animais são ricos em proteína, moléculas importantes na constituição do organismo. A proporção é vantajosa: um corpo de um inseto pode conter até 80% de proteína (o excesso de proteína deve-se ao sangue de temperatura fria desses bichinhos). Além disso, eles também são ricos em lipídeos de qualidade (gordura), fibra, vitaminas e minerais. “
Um exemplo é o besouro, ele possui uma concentração de ferro mais alta do que um bife de carne bovina, mineral que é um nutriente importante para o ser humano, sua deficiência pode causar anemia. Já o gafanhoto S. histrio, oferece vitamina D em níveis semelhantes ao do peixe arenque, ao do fígado de galinha cozido ou à gema do ovo. A formiga da espécie Atta cephalotes(tanajura ou saúva) também não fica atrás: possui mais proteínas (42,59 %) do que a carne de frango (23 %) ou bovina (20%).
A turma foi divida em dois grupos, o primeiro ficou responsável por apresentar o problema de desperdício de alimentos no mundo, e o segundo deveria demonstrar formas para diminuir tal desperdício, ou seja, deveria apresentar soluções para o problema proposto.
Abaixo tem-se todo o desenvolvimento alcançado pelo segundo grupo, bem como um vídeo explicativo de como ocorreu toda a montagem da estrutura para que o projeto pudesse ser apresentado na Semana Nacional de Ciência e Tecnologia no IFAP.
COMBATE AO DESPERDÍCIO DE ALIMENTOS
ESTATISTÍCAS QUANTO AO DESPERDÍCIO DE ALIMENTOS
Segundo dados da Organização mundial das nações unidas (ONU), a cada ano perde-se 1,3 bilhão de toneladas de alimentos, sendo que de 30% a 50% desses alimentos são desperdiçados antes do consumo. Com isso, aproximadamente 550 bilhões de m3 de água são desperdiçados na produção de alimentos que não são consumidos.
Além disso, o Brasil está entre as 10 nações que mais desperdiçam alimentos no mundo. Tal desperdício começa na plantação e se estende até chegar ao consumidor, pois, de acordo com dados da FAO de 2004, 35% da produção agrícola do país não são aproveitados. Desses 35%, 10% do desperdício ocorrem na colheita, 50% no manuseio e transporte, 30% nas centrais de abastecimento e 10% em supermercados e consumidores.
Estudos apontam que com o fim do desperdício é possível aumentar de 60% a 100% o fornecimento de alimentos.
CURIOSIDADES QUANTO AO DESPERDICÍO DE ALIMENTOS
Com o grande desperdício de alimentos, se faz necessária a adoção de medidas que permitam mudar o preconceito da sociedade quanto às sobras e popularizar a ideia de que resíduos aparentemente inúteis possam ser reaproveitados de diversas maneiras. Esses alimentos podem ser reaproveitados de três modos: na casa, na comida ou como produto de beleza.
Casa: Frutas cítricas como limão e a casca da laranja podem ser usados em aparelhos repelentes de insetos substituindo o tablete convencional. O limão também pode substituir produtos considerados tóxicos e ajudar na remoção de gorduras e manchas.
Comida: Podem-se fazer muitas coisas com cascas como: Batata frita, misturando cascas de batata com bastante suco de limão e azeite depois as espalhando em camadas em uma assadeira; Sopa, fervendo cascas de batata, cebola, cenoura e adicionando alho poró e de outros vegetais a gosto; Manter o açúcar mascavo úmido e maleável adicionando casca de limão.
Há também formas de reaproveitamento de alguns tipos de sobras limpas como: carne moída, arroz, feijão, macarrão, pão, leite talhado, biscoitos, entre outros.
Produtos de beleza: O açúcar pode ser usado na esfoliação do rosto para remover as células mortas da pele e adicionado à casca banana pode ajudar na esfoliação do corpo. As cascas de batata podem ajudar a reduzir o inchaço ao redor dos olhos e também ajudar no alívio dos sintomas da acne e a casca do abacate pode ser um eficaz hidratante facial.
FORMAS DE CONSERVAÇÃO DE ALIMENTOS
A busca por conservar alimentos é apresentada de maneira constante ao longo da história humana, devido a importância da alimentação para a perpetuação dessa espécie, assim, muitas técnicas foram desenvolvidas para tal fim. Entre as mais antigas formas de conservação de alimentos está a defumação, processo segundo o qual os alimentos são expostos a altas temperaturas, para que percam humidade, ficando desidratados e criando assim uma barreira física e química contra a ação de microrganismos. Outra maneira antiga de conservação por meio da desidratação é realizada através da adição de sal ao alimento. No brasil, a chamada Carne de Sol é um exemplo de alimento popular derivado dessa forma de conservação. A fermentação, muito utilizada em pães e vinhos, juntamente com a utilização de açúcar para fazer-se compotas de frutas, são outros exemplos de antigas técnicas de conservação de alimentos.
Atualmente, devido principalmente ao avanço cientifico nesse campo de estudos, muitas técnicas de conservação de alimentos foram desenvolvidas.
Conservação por utilização de elevadas temperaturas
O calor destrói os microrganismos através da desnaturação das suas proteínas e, sobretudo, por inativação das enzimas que lhe possibilitam a atividade metabólica. A intensidade do tratamento térmico depende dos microrganismos a eliminar, do seu estado fisiológico e das condições do meio. Assim, diferentes processos que utilizam o calor como base fundamental foram desenvolvidos, porem com objetivos e aplicações para diferentes alimentos. Estão entre eles:
Esterilização, tratamento térmico no qual a temperatura é maior ou igual a 100 °C, sendo seu objetivo a morte de todos os microrganismos; Pasteurização, realizada em duas fases, sendo a primeira a exposição do alimento a elevadas temperaturas e a segunda sua exposição a baixas temperaturas, isto é sua premissa é causar um choque térmico que leve todos os microrganismos a morte; branqueamento, tratamento térmico que tem por finalidade inativar as enzimas do próprio alimento, podendo ser feito em água, em vapor ou em calor seco. O branqueamento é uma medida feita às vezes, anterior ao congelamento, porque embora o congelamento seja eficiente ele não inativa totalmente as enzimas.
Conservação por utilização de baixas temperaturas
A aplicação de temperaturas baixa aos alimentos tem por objetivos a diminuição da reatividade química e da atividade enzimática e ainda a inibição da multiplicação e da atividade dos microrganismos. Quanto mais baixa for a temperatura empregue, mais lentas serão as reações químicas, atividade enzimática e o crescimento microbiano.
Em geral, o congelamento impede a multiplicação da maioria dos microrganismos contaminantes dos alimentos, enquanto que as temperaturas de refrigeração apenas diminuem a sua velocidade de multiplicação.
Importância das embalagens na conservação de alimentos e de seu transporte
Outro ponto nas formas modernas de conservação de alimentos são as embalagens. Segundo Nilda Soares, engenheira de alimentos e professora da UFV, as embalagens, de uma forma geral, existem para impedir que o alimento processado seja contaminado ou esteja sob a presença de oxigênio.
O tempo de vida de prateleira é calculado para cada produto e para cada embalagem, embalagens de vidro transparentes, por exemplo, permitem a entrada de luz, diferentemente de embalagens de papel, que possuem como principal característica impedir a entrada de luz, sendo assim, adequadas para produtos que descolorem e têm seus sabores modificados sob a presença de luz.
Outro grande fator é o oxigênio, em especial em produtos com alto teor de gordura, pois os mesmos mudam seus gostos sob a presença de oxigênio. Por esses motivos, ao determinar uma embalagem para um produto é necessário considerar todos os seus aspectos físicos e químicos.
Segundo o Luiz Eduardo Carvalho, professor do departamento de produtos naturais e alimentos naturais da UFJR, a ciência intervém no alimento para prorrogar a sua validade, porém, seu grande trunfo é o consumo do alimento fresco, assim, o desenvolvimento não se limita em atuar nos alimentos, mas sim, em todos os processos responsáveis por leva-lo de onde é produzido ao consumidor, ou seja o transporte dos alimentos, a forma e a velocidade de como isso é feito também interferem em sua qualidade final.
Conservação por Adição de conservantes Químicos
Os conservantes têm atividade de eliminar as composições microbiana e enzimática, existe diversos fatores que influenciam a eficácia dos conservantes, químicos, tais como: a concentração, o tipo e quantidade de microrganismos contaminantes; a temperatura entre outros.
Para um conservante ser ideal deveria obter: não ser tóxico, não ser intimado pelo alimento ou substância nele existente, atividade antimicrobiana de aspecto longo; porém esse composto “ideal” não foi descoberto ainda.
O ácido cítrico é um exemplo composto utilizado, nos xaropes, nas bebidas, nas gelatinas, como conservante dos sabores e frutas.
Misturas e soluções de nitritos e nitratos de sódio tem sido, empregadas na conservação de alimentos à de carne.
O peróxido de hidrogênio (água oxigenada) é empregue como conservante do leite para a fabricação do queijo.
Conservação por Irradiação
Essa é nova no campo da conservação que utiliza diversas radiações de frequência que vão desde a corrente elétrica até os raios de Gama que em especial se volta para radiações ionizantes e o aquecimento através de micro-ondas.
Tem vários tipos de radiação, entre tanto a principal e mais eficaz é a de radiação ultravioleta, com comprimento de onda de 260 nm. A radiação ultravioleta de mais elevada energia (200nm) é absorvida pelo oxigênio originado a formação de ozônio.
Os alimentos mais comumente irradiados são batata, cebola, frutas frescas ou secas, carne de vaca, carne de porco, peixe fresco, carne de frango, dieta hospitalar, frutos do mar e até ração militar. Todos os alimentos conservados com irradiação devem exibir um selo em sua embalagem, neste selo tem o símbolo internacional de irradiação de alimentos, chamado de radura.
O QUE PODE-SE FAZER PARA DIMINUIR O DESPERDÍCIO?
Simples ações cotidianas podem diminuir drasticamente o desperdício de alimentos, por exemplo, deve-se planejar as compras. Verificar quais os produtos são realmente necessários de comprar. Na hora de cozinhar, deve-se dar preferência aos produtos que estão próximos do vencimento da validade. Anotar quais produtos estão próximos da data e fixar na geladeira para não esquecer. Literalmente, deve-se aproveitar os alimentos ate o talo alimentos até o talo. É possível reaproveitar partes não convencionais, como as sobras e cascas das frutas, essas partes contêm valor nutritivo significativo, além de serem mais uma opção para variar os cardápios diários, com refeições nutritivas e de baixo custo.
Se uma fruta ou legume apresentar uma aparência feia em algumas partes, corte-as e use o que sobrou, sem a necessidade de jogar tudo fora. Usar o que sobrou das refeições para fazer novos pratos. Quando comer fora, não deve-se ter vergonha de pedir para levar as sobras. É correto usar restos de comida e partes dos vegetais que realmente não serão utilizados para adubar a sua horta.
A TECNOLOGIA A FAVOR DO COMBATE DA FOME
Esta seção está baseada na reportagem da revista SUPERINTERESSANTE.Edição333. A ciência contra a fome. Maio de 2014.
Como Tomas Robert Malthus (1766-1834) já previa em sua teoria publicada em “Ensaio sobre o princípio de população e seus efeitos sobre o aperfeiçoamento futuro da sociedade, com observações sobre as especulações de Mr. Godwin, Mr. Condorcet e outros autores”, o crescimento populacional aumentou de forma de forma alarmante e a produção de alimentos não é o suficiente para suprir a fome de toda população mundial.
Para solucionar um dos problemas que mais atormentam as gerações futuras, foi desenvolvido por cientistas, um sistema de verticalização de jardins, proposta que ocuparia menos espaço e concentraria as melhores plantações por meio da seleção genética.
A verticalização consiste na construção de mini-estufas e prédios hortas, estruturas eficientes que ocupariam menos espaço necessário para a produção de diversas verduras, hortaliças entre outros. Os ambientes poderão ser controlados garantindo um melhor aproveitamento da colheita e cultura produzida. O prédio também poderá ter animais. Muitas pesquisas indicam que o gado e as aves se desenvolvem melhor quando suas “condições de vida” são mais confortáveis.
“Com o clima e manejo perfeitos, é possível triplicar a produtividade de rúcula, quadruplicar a de pimentão. Com tomates, a performance vai de 9 kg/m² para 80 kg/m², 800% de aumento. Uma verdadeira “fábrica” de hortifrútis. (SUPERINTERESSANTE. EDIÇÃO 2014)
Entre soluções alternativas estão a hidroponia e aeroponia, que consiste na “plantação” de um vegetal em solução de água e sais minerais, ambos em lugar fechado, entretanto o que os diferencia é o estado da solução, sendo que a aeropnia é em forma de vapor.
“A absorção de nutrientes é facilitada, as plantas crescem 50% mais rápido e costumam ter o dobro de volume – 4 m² podem render 30 pés de alface por mês. No Japão, a técnica já é utilizada para produzir vegetais até no subsolo de restaurantes. No futuro, se cada condomínio tivesse uma horta hidropônica, além de legumes e verduras fresquinhos, reduziríamos o trânsito, a poluição e abriríamos “espaço” para outras culturas no campo”..
Genética no combate a fome
Junto com o surgimento de edifícios-fazenda e seleção genética torna-se uma aliada eficiente, possibilitando que com exemplares dos melhores genes, sem qualquer hormônio, seja permitido que animais gerem mais carne com menos ração. Um exemplo citado pelo reportagem diz que em 1970, para engordar 1 kg, um suíno precisava comer 4 kg; hoje, precisa comer 2 kg; até 2030, será apenas 1,6 kg. Tudo isso resultante da seleção dos melhores genes.
“Na agricultura, especialistas calculam que a genética contribuiu com 2/3 do aumento de produtividade que as lavouras tiveram nos últimos 50 anos, a chamada Revolução Verde. (O resto se deve à evolução do manejo e dos melhores defensivos.) Até 2050, ela deve permitir mais 1/3 de produtividade, e até quadruplicar culturas cruciais como trigo ou cana. ”
Outra grande aliada é o estudo da nutrigenômica, responsável por estudar o impacto de nutrientes na expressão genética, ou seja, os efeitos positivos que os alimentos proporcionam no ser humano por conterem substâncias biologicamente ativas.
A próxima aposta é a nanotecnologia, que poderia ser uma alternativa aos transgênicos. Em vez de inserir um gene exótico na planta, a técnica permitiria “colar” nanopartículas no DNA sem alterá-lo. Isso possibilitará enriquecer os alimentos com vitaminas e outros nutrientes. Além disso, reduziria o uso de defensivos agrícolas – com um combate muito mais eficiente a doenças e pragas. Essas intervenções em nível atômico trariam benefícios na produtividade em geral, na minimização de perdas e na redução do impacto ambiental.
“Cultivo controlado urbano. Novas técnicas de produção. Modificação em laboratório. Insetos e algas no cardápio. São avanços que podem resolver o problema de alimentação do mundo, mas que também podem trazer consequências inesperadas. A Revolução Verde deixou um legado de danos ambientais, exagero no uso dos agrotóxicos e modelos de produção que estão se esgotando. Da mesma forma, esta nova revolução também pode trazer obstáculos inesperados. Mas, com ou sem edifícios-horta, uma solução é necessária. Ou vai faltar comida no prato.”
A inclusão de insetos no cardápio para acabar com a fome
A Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) acredita que a solução para acabar com a fome do mundo para o futuro está no consumo de insetos.A expansão das terras para a agricultura e criação de animais não vai acompanhar o crescimento populacional, que é estimado em 9 bilhões para 2010. A solução estaria nas fazendas de criação de insetos, por possuírem diversos fatores favoráveis como menores gastos, maior facilidade em estrutura e menos poluentes.
Os insetos também se reproduzem em uma velocidade maior e emitem menos gás carbônico (principal causador do efeito estufa). Também não necessitam de tanta atenção zootécnica. Outro impacto social seria o aumento de renda familiar de comunidades carentes, uma aposta da FAO, já que eles poderiam cultiva-los e vende-los.
Os insetos formam o maior grupo animal da face da Terra ,estima-se que haja um milhão de espécies vivas conhecidas de um total de 30 milhões ainda não catalogados. Atualmente são conhecidas, aproximadamente, 1.900 espécies comestíveis de insetos, presentes em grandes escalas em regiões da Ásia e de ambiente tropical.
“Entre os comestíveis, o maior grupo é o de coleópteros (besouros), com mais de 400 espécies, seguido por himenópteros (principalmente formigas), em torno de 300 espécies, ortópteros (gafanhotos e grilos) e lepidópteros (lagartas de borboletas e mariposas), cada grupo com mais de 200 espécies registradas, além de cupins, cigarrinhas e moscas, dentre outros. Dados fornecidos pela FAO”
Há ainda a relação entre os artrópodes e a produção de carne e ração. Segundo estudos feitos por um grupo de pesquisadores brasileiros observado que os insetos têm mais carne a ser aproveitada e podem converter 2 kg de ração em 1 kg quilo de massa. Enquanto no gado, são necessários 8 kg de ração para produzir 1 kg de carne.
Os benefícios e as vitaminas
“Comer insetos não faz mal à saúde dos humanos –nós já utilizamos remédios feitos de insetos, por exemplo. Esses animais são ricos em proteína, moléculas importantes na constituição do organismo. A proporção é vantajosa: um corpo de um inseto pode conter até 80% de proteína (o excesso de proteína deve-se ao sangue de temperatura fria desses bichinhos). Além disso, eles também são ricos em lipídeos de qualidade (gordura), fibra, vitaminas e minerais. “
Um exemplo é o besouro, ele possui uma concentração de ferro mais alta do que um bife de carne bovina, mineral que é um nutriente importante para o ser humano, sua deficiência pode causar anemia. Já o gafanhoto S. histrio, oferece vitamina D em níveis semelhantes ao do peixe arenque, ao do fígado de galinha cozido ou à gema do ovo. A formiga da espécie Atta cephalotes(tanajura ou saúva) também não fica atrás: possui mais proteínas (42,59 %) do que a carne de frango (23 %) ou bovina (20%).